Entre a vida e morte: o que colhemos no caminho?
A informação de que um novo vírus circulava na China foi tão rápida quanto sua propagação. Em poucos meses, o vírus havia atravessado continentes e avançado a fronteira dos países. A reação foi imediata: medo e temor diante do desconhecido. Vidas passaram a ser ceifadas num crescente geométrico. Sistemas de saúde colapsados, mortos sem despedidas merecidas, abraços diminuídos, isolamentos impostos por autoridades constituídas. De repente, o mundo parou diante da força letal do vírus. A morte passou a rondar de perto nossas frágeis vidas, ameaçando-as de maneira invisível. Uma guerra silente.
A pandemia está a impor que o ser humano se reinvente, que construa novas formas de relacionamentos a partir de novos fundamentos. Há, ainda, a necessidade de homens e de mulheres doarem novo sentido às suas vidas, redefinindo suas existências frente a uma realidade ameaçadora que intensifica a consciência da vulnerabilidade e da efemeridade da vida.
No contexto da pandemia, quatro filósofos e quatro teólogos reuniram-se para abordar, a partir do horizonte de suas leituras e de suas visões de mundo, sete temas: VIDA – AMOR – ESPERANÇA – FÉ – FELICIDADE – MEDO – MORTE. Desde o nascimento, ao dispor da vida, o ser humano celebra o amor, cultiva a esperança, fortalece-se na fé, persegue a felicidade e manifesta medo diante do mistério, sobretudo da morte, esse ente incompreensível responsável por colocar o ponto final na biografia de todo ser vivente.
O resultado desse encontro foi um emocionante e respeitoso diálogo entre essas duas áreas do conhecimento que edificaram o pensamento Ocidental Cristão e, por milênios, conservam os fundamentos conceituais da fé cristã e da filosofia grega. Na fronteira entre fé e razão, teólogos e filósofos encontraram-se, munidos de amizade e de humanismo, para um colóquio amistoso e sincero.
O fruto dessa conversação foi materializado no livro Entre a Vida e a Morte: o que colhemos no caminho? A obra reflete as formas de significação ofertadas à existência humana, tocando em temas custosos a qualquer pessoa que formule indagações sobre o sentido da vida, a semântica das tragédias e dos dramas colhidos no cotidiano, o valor da alegria e da felicidade que deleitam e animam, além da fé e da esperança que motivam e encorajam.
O filósofo Mario Sergio Cortella, ao assinar o prefácio do livro, afirmou que “assim deve ser a vida, uma séria e animada reinação, na qual o braço dado tenha mais prestígio do que o punho cerrado; continua valendo o honroso preceito que sugere ser mais digno acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão”.
Que esse diálogo teológico-filosófico possa albergar inúmeros leitores, permitindo a todos colher valores imprescindíveis para apreciar ainda mais o sentido, a beleza e a graça da vida.
Clodomiro José Bannwart Júnior é professor de Ética e Filosofia Política na Universidade Estadual de Londrina.
(Artigo publicado no Jornal Ecos de Sant’Ana, edição de 19 e 20 de junho de 2021)
Sobre o livro:
O livro Entre a Vida e a Morte: o que colhemos no caminho?, sob a coordenação de Clodomiro Bannwart, e com o prefácio assinado pelo filósofo Mario Sergio Cortella, será lançado no final desse mês, pela Editora Engenho das Letras.